segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Magnum 422

No último dia 13 finalmente conseguimos navegar pela primeira vez com o Magnum 422, o Piccolino - decidimos manter o nome dele. Ao longo dos dias que antecederam, fomos ao clube algumas vezes para medir e finalizar a bolina. O clima não estava muito bom, e não era nem pelas baixas temperaturas, mas pelo excesso de chuvas. Uma garoa o dia inteiro e tempestades mais curtas deram um pouco de trabalho.

Montamos o barco algumas vezes para conferir o que faltava, adaptar os cabos e trocá-los também. Ainda precisamos melhorar uns sistemas - principalmente o de caçar a testa e a esteira da vela, que estão com funcionamento reduzido. Num próximo post vamos comentar sobre esses pontos e dizer como vamos resolver  (mas já adianto que não vamos deixar muito exagerado, precisamos somente do necessário para uma velejada segura e funcional).


Logo quando chegamos a Sailing Center, pela manhã, o sol já anunciava um belo dia. O estacionamento estava praticamente cheio e muitos velejadores aguardavam o inicio de uma palestra sobre estilo de vida a bordo, viagens e cuidados ao iniciar um projeto de "volta ao mundo" o coisa do tipo. Este evento contou  com churrasco e tinha um valor a ser pago, que não era alto.

Nos parece que o espírito velejador está ganhando força cada vez maior na Guarapiranga e quem nos acompanha há algum tempo sabe que passamos anos velejando na Represa Billings, na Zona Sul de São Paulo e nosso maior desejo sempre foi que a vela na Billings se equiparasse com a Guarapiranga, mas isso infelizmente está longe de acontecer e infelizmente foi um dos fatores que nos fez voltar para a Guarapiranga.



Enfim, o teste: primeira velejada


Passamos boa parte da manhã dando uma revisada na vela e nas talas. Algumas das bolsas de tala estavam ruins quando compramos, fizemos alguns reforços e uma das talas teve que ser reduzida por que por algum problema ela entrava muito forçada e ameaçava rasgar a vela.

O vento pela manhã não parecia muito forte, os veleiros na água iam bem, mas um vento forte e chuva estavam previstos.Quando preparamos tudo, fomos pra água. Minhas filhas embarcaram e saíram quase num contra-vento. Tudo certo.

Quando o Piccolino chegou na Sailing Center
Nosso principal receio era com relação ao casco. Quando compramos tentamos ver se não tinha nenhuma rachadura, furo, ou algo que comprometesse o casco, principalmente na caixa de bolina, no pé do mastro e nos bujões. Por isso, antes de por na água demos uma olhada, o barco estava completamente seco, não saia água nenhuma pelos bujões.

Fazia muito tempo que a gente não velejava num monotipo pequeno assim, e nossas esperiencias se restringiam ao Dingue, que tem uma velejada bem diferente da do Magnum 422 e mesmo do Laser. Muita gente nos orientou a "tomar cuidado", pois o barco era "arisco" demais. Por isso a meta era navegar em frente ao
No chão, a bolina que veio com o barco e  foi substituída
clube por questões de segurança - mas nada demais poderia acontecer.

Minhas filhas competiram algumas vezes em regatas na Guarapiranga e estavam ansiosas para ver como seria essa velejada.

Em cerca de meia hora, ou mais, o tempo fechou e as meninas voltaram com o barco para terra. Uma baita ventania fez todos se esconderem na área coberta do clube e caiu uma chuva imensa.

Desmontamos o barco e guardamos tudo.

Felizmente, tudo ocorreu bem. Nossas impressões sobre o barco foram muito positivas e não há reclamações! Nossa bolina cumpriu com o esperado. Não sentimos excesso de peso, nem falta. O veleiro orçou bem, não derivou nem adernou além do esperado - para quem não leu nosso último post, lá explicamos o que houve com a bolina do Magnum 422 e como fizemos a nova aqui na oficina.

Uma última observação: o cockpit está extremamente escorregadio! O antiderrapante não é mais suficiente e precisamos dar um jeito nisso. Caso tenha alguma dica, deixe nos comentários!
 

Ajustes finais do cabeamento 

Aquela ultima revisada na vela
Conforme as coisas se desenrolarem por aqui,vamos postando. Ainda temos muito a aprender sobre o Magnum 422 e traremos tudo para vocês.
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Um comentário:

Haroldo disse...

Comprei um desses em 1983, novo em uma loja náutica em Porto Alegre. O meu era todo branco com umas listras vermelhas e a vela branca. Registrei na Capitania dos Portos com o nome de Abracadabra e esse nome mágico me livrou de muitos apuros. É um barco muito bom, para a sua categoria e finalidade, estável, sólido, espaçoso e confortável, ao contrário do Laser que no entanto é um barco de competição. Nessa época eu ainda era solteiro e velejei sozinho em barragens desertas gigantescas cercadas de mato; em lagoas e no mar abrigado. Virei muitas vezes, capotei outras. Eu o transportava em um rack no teto do meu carro. Depois de alguns anos andando por estradas ruins a vibração causou uma pequena fenda no casco por onde estava entrando um pouco de água no interior do casco que não era visível e o barco ficava pesado. Uma vez na Lagoa dos Quadros, RS que não é muito grande, mas temida pelos supersticiosos pelos seus mitos de redemoinhos e fantasmas, quando já estava pronto para botar o veleiro na água, em uma pequena praia com um deck, começou a ventar forte, era o chamado "Nordestão", o vento estava fazendo muitos “carneiros” na água por isso resolvi não entrar. Não vi ninguém por perto mas surgiu de repente uma mulher correndo desesperada, me dizendo que o barco do marido dela havia virado e se eu podia ajudar. Coloquei imediatamente o veleiro na água, ele partiu com um pulo em alta velocidade, tal era a força do vento. Ao passar pelo longo deck que encobria o homem vi que ele estava na água agarrado a um caiaque, paralisado de medo, tinha perdido o remo quando o caiaque virou. Como ele vestia um colete me tranquilizei. Agora eu é que estava em uma situação difícil com aquele vento e aquelas ondas pois na pressa de sair não vesti o colete. Ao tentar fazer a volta para ir até ao homem, a escota se soltou do mordedor com a pancada do vento na vela que ficou panejando para a frente fora do meu alcance; o barco já estava bem longe, no meio da lagoa. Achei arriscado tentar virar o leme para colocar a proa contra o vento. Sem a vela a manobra poderia parar no meio ficando o barco de lado para as ondas. Mantive a proa a favor das ondas pois com aquele vento eu não queria virar no meio da lagoa, sem colete e com a água fria; a mulher na praia agora era apenas um pontinho. Fiquei a deriva por bem mais de meia hora sendo empurrado pelas ondas até dar em uma pequena praia deserta no mato. Em seguida vi um bote grande de pescadores a motor se aproximando com dois homens que vieram me ajudar, não havia mais nenhum barco a vista. Retirei o leme e o mastro pois a vela desse barco não tem ilhoses para baixar ou subir, ela é fixa, entra como um capuz no mastro. O barco foi me rebocando contra o vento, subindo e pulando a cada pancada de onda. Ao longe, próximo a margem vimos o vulto de um pequeno barco preto com pessoas se agitando na água. O barco dos pescadores se aproximou; era um pequeno bote inflável a motor do corpo de bombeiros da PM que foi salvar o caiaquista. O motor entrou em pane , os bombeiros na água remavam com os braços e o caiaquista estava sentado imóvel no bote. Eles não quiseram ajuda pois já estavam perto da margem. A praga da lagoa vitimou três embarcações naquele dia, felizmente tudo acabou bem. Após agradecer, dei aos pescadores a faca alemã que levava na cintura e dois chapéus para o sol; eles não quiseram aceitar mas eu insisti. Em síntese, por pior que seja a situação, não entre em pânico, não tente manobras desesperadas, vá pelo caminho seguro mesmo que demore mais. E em último caso, procure manter-se sempre fora d'água, em cima de qualquer coisa que flutue pois depois do pânico a hipotermia é o segundo pior inimigo do náufrago.